José Francisco Trindade Coelho nascido em Mogadouro a 18 de Junho de 1861 e falecido em Libos a 18 de Agosto de 1908 foi um escritor, magistrado e político português.
Natural de Mogadouro, a sua obra reflecte a infância passada em Trás-os-Montes, num ambiente tradicionalista que ele fielmente retrata, embora sem intuitos moralizantes. O seu estilo natural, a simplicidade e candura de alguns dos seus personagens, fazem de Trindade Coelho um dos mestres do conto rústico português. Fiel a um ideário republicano, dedicou-se a uma intensa actividade pedagógica, na senda de João de Deus, tentando elucidar o cidadão português para a democracia.
Frequentou o curso de Direito na Universidade de Coimbra. Foi delegado do Procurador Régio no Sabugal e em Portalegre. Em 1891 fixou-se em Lisboa, trabalhando primeiro como advogado e depois como juiz. Em 1907 pediu a demissão do cargo, suicidou-se no ano seguinte.
Vai ser emitido na próxima segunda-feira (14 de Março), um selo na emissão Vultos da História e da Cultura, dedicado aos 150 anos do nascimento de Trindade Coelho. O selo mostra um desenho(?) do escritor no lado esquerdo, e do lado direito mostra um trecho do livro de memórias, In Illo Tempore, publicado por Trindade Coelho em 1902, com um estudante usando uma viola. Nessa obra, o autor evoca o ambiente boémio estudantil, as tradições académicas e muitas das figuras da Universidade de Coimbra , onde estudou Direito .
Aí está o poema completo:
Rapazes e raparigas,
Pela noite luarenta,
Em vez de cantar cantigas
Cantem coisas da Sebenta.
E que ella já tem inspirado lyras e guitarras,
poetas e bohemios - no Fado se diz também:
As bellas cantigas minhas
D'esta festa sebenteira
Aprendi-as nas Cozinhas
Foi-as o Marco da Feira.
Na rua das Cozinhas, com effeito,
era já no meu tempo a lithographia das sebentas,
dirigida por um Pacheco que era cego,
e que dentro do balcão, sen-
tado, parecia um eunucho ;- e a outra, no Marco da Feira,
dirigia-a o Manuel das Barbas, que deu o nome
a um dos couraçados italianos do « centenário », o
Emmanuel degli Barbi, e cujo epitaphio, para quando morrer,
está já feito e reza assim;
Aqui jaz Manuel; descançai
Trabalhou muito, e bebeu...
Lithiographiava as sebentas.
Mas foi feliz : — nunca as leu
De resto, essa felicidade de não ler as sebentas é a
que espera todos os caloiros de amanhã, quando se
matricularem na Universidade ! É o Orpheon da Se-
benta que os ameaça por musica, se se atreverem a
olhar para ellas :
Se eu tiver um filho,
Quando elle crescer
Se ler a sebenta Olaré ! Ilei-de-lhe bater.
Em 2008, foi feita uma homenagem ao escritor, em Mogadouro, onde teve um carimbo comemorativo a 9 de Agosto.
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